terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Algumas semanas depois...

Na últimas semanas de aula 47 alunos receberam a carta informando que estavam participando de um processo de sindicância. Os documentos nominais foram entregues em mãos. Inclusive tentaram retirar alguns estudantes do meio de uma prova para a entrega do comunicado, o que apenas não aconteceu porque o professor não permitiu. Os 47 convocados (o que representava, na época, 11% do campus) foram todos aqueles fichados no dia da desocupação pela Tropa de Choque. Fomos acusados por termos descumpridos o código de ética dos discentes, código esse que garante que a direção da universidade tem a obrigação de divulgá-lo amplamente, mas o qual apenas tomamos conhecimento poucos dias antes de sermos notificados da sindicância (por e-mail). Muitos estudantes passam anos na Unifesp, se formam, sem ao menos saber que o tal código existe. A prática deles é divulgá-lo apenas quando os alunos correm risco de sofrerem suas punições. "Descumprimos" um código do qual nem tínhamos conhecimento e o qual a própria universidade não o cumpre plenamente. Ah sim, somos acusados de impedir as atividades escolares. Claro! Estávamos em greve. A qual foi decidida em Assembléia Geral pelos alunos, ou seja, legítima, e nem esse direito foi respeitado.
Recebemos o comunicado em uma sexta-feira. Na quarta-feira da semana seguinte recebemos outro comunicado, o qual dizia que já havíamos sofrido a punição e o nosso direito a defesa seria entrar com recurso. O método utilizado de condenar as pessoas sem as ouvir, sem lhes dar direito a defesa, foi usado apenas durante ditadura militar. Consultamos advogados e fomos à reitoria, onde falamos sobre as irregularidades e sobre possível recurso jurídico. Na mesma hora a representante judicial da UNIFESP nos informou que a universidade se equivocou e que todo o processo seria adiado.
A punição prevista para nós no código de ética é uma repreensão. Mas se formos reincidentes em repreensão então poderemos ser suspensos entre 3 a 30 dias. Se houver uma nova reincidência então poderemos ser jubilados. Apenas mais uma tentativa de reprimir o movimento estudantil combativo. Estamos aguardando o processo.

'Do rio que tudo arrasta dizem violento
Mas nada dizem das margens que o comprimem"
(B.B.)